sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CUIDANDO DA SUA COLUNA

Coluna e Exercicio

Existem uns Bixo-Papões na ortopedia e com certeza, as doenças do esqueleto axial, vulgo COLUNA, exercem um efeito razoável no imaginário das pessoas. Parece que só o nome coluna já é algo ruim, não é mesmo? Pois bem, vamos falar de três assuntos, escolhidos pela freqüência com que se atende em um consultório de pronto atendimento ortopédico, de forma rápida mas já orienta
ndo como identificar e agir nos casos em que estas dores acontecem, mas principalmente o que falar ao seu ortopedista em ordem dele poder fazer o melhor para você.
Tudo começa com o famoso e temido: – Nossa… minha coluna está me matando!
A partir daí você deve saber relatar algumas coisas:
  • Tipo de dor (queimação, pontada, cólica…)
  • Intensidade da dor
  • Localização da dor
  • Se essa dor é localizada ou é difusa
  • Se á crônica ou aguda (sempre esteve lá ou se começou repentinamente)
  • Quando começou
  • Como começou (o que desencadeou a dor)
Também é importante saber sobre sua rotina pouco antes da dor iniciar, algo como dois a três dias, principalmente se houve alguma mudança no sentido de esforço e postura ou ainda, alguma atividade atípica que tenha realizado..
  • Fatores de piora e de melhora
  • Se a dor é acompanhada de alguma sensação como dormência, perda de força, formigamento
  • Se essa dor se mantém num mesmo ponto ou se ela irradia – se prolonga – e até onde ela se prolonga
  • Comprometimento metabólico associados (sudorese, aumento da freqüência cardíaca, aumento da pressão arterial…)
  • Estados psíquicos associados (depressão, ansiedade, etc…)
A partir das respostas acima, o Ortopedista tem uma chance de 80% de fazer o diagnóstico correto sem o uso de nenhum exame, restando a ele pensar nos diagnósticos diferenciais – isso mesmo… tão importante em saber o que você tem e saber o que você NÃO tem. Cá entre nós, é aí onde mora a qualidade do médico: saber afastar condições de maior risco de seu paciente.
Rapidamente então, vamos falar sobre 3 condições que levam o paciente ao médico em busca de tratamento:
Lombalgia mecânica ou lombalgia mecanopostural – normalmente é causada por um esforço de intensidade atípica (realização de uma mudança, arrumação da casa, futebol com amigos levado mais a sério, etc…) ou por uma postura assumida por condições ambientais desfavoráveis (uma viagem de avião, início num emprego com uma ergonomia diferente..).
Lombalgia
Os principais sintomas são dor lombar baixa (mas que pode se apresentar também na transição entre a coluna torácica e lombar devido a ser uma região de alta mobilidade da coluna vertebral), espasmo muscular na região dorsal, dificuldade de achar posição confortável, piora ao sentar e ao deitar-se de bruços.
Talvez, seu principal diagnóstico diferencial são as condições que afetam os rins, como infecções urinarias altas, nefrite, pielonefrite ou litíase renal devido a região acometida – o que faz muitas condições dessas aparecerem antes no ortopedista do que no clinico geral ou urologista.Como tratamos normalmente: afastamos de esforços nessa região e pelo fator promotor pelo período inflamatório típico – de 5 a 7 dias – usamos anti-inflamatórios, analgésicos e miorrelaxantes na hora de dormir.
Para melhorar mais rápido recomendamos medidas fisioterápicas analgésicas, lembrando que a intervenção do fisioterapeuta na fase aguda com técnicas de analgesia por meios físicos e eletroterapia faz com que a resolução do caso se acelere bastante e o conforto do paciente seja atingido mais rapidamente.
Ciatalgia – normalmente se apresenta com uma dor que tem início na região glútea que pode irradiar até o pé, normalmente não apresenta espasmo muscular na região dorsal e há piora com o alongamento da parte posterior da coxa, há melhora em posição sentada (por haver relaxamento do nervo ciático) e no movimento como de baixa intensidade.
Ciatico
Tem relação com a postura a medida que encontramos encurtamento da musculatura isquiotibial, enfraquecimento da musculatura paravertebral com ou sem retificação da lordose lombar e flacidez da musculatura reto-abdominal, com ou sem anteversao da pelve.
Nesta condição também usamos medicação, mas como é uma situação onde normalmente há comprometimento neurológico, preferimos utilizar anti-inflamatórios corticóides pela sua ação neurológica melhorada, relaxantes musculares e analgésicos potentes, podendo ser associações de codeína ou tramadol dependendo da intensidade da dor experimentada pelo paciente – fato que também orienta a ação do ortopedista no pronto atendimento, podendo decidir utilizar uma medicação abortiva de crise álgica para acelerar o processo de melhora do paciente.
Neste tipo de condição, a fisioterapia por meios físicos é importante, mas a fisioterapia motora é imperativa se quisermos diminuir as chances de haver outras crises bem como um aumento de intensidade delas. A história natural das crises ciáticas é uma diminuição dos períodos intercrises acompanhado de um aumento na intensidade da dor bem como uma dificuldade maior para tratá-la.
A indicação de afastamento de atividades físicas se dá num período agudo, sendo que o pós crise necessita de atividade física leve a moderada e que no pós tratamento é mandatório algum tipo de atividade física que mantenha o alongamento dos isquiotibiais bem como o trofismo dos paravertebrais e abdominais.
Hérnia discal – neste caso em específico pode haver um início indicioso da dor, mas esta também pode se apresentar de forma abrupta e muito intensa, sempre levando o paciente ao hospital em busca de tratamento da dor (forma típica). É muito freqüente e orienta o diagnóstico médico a presença de sintomas neurológicos como perda de força e formigamento, sendo que no exame físico ortopédico bem realizado é possível se ter uma ideia bem precisa de que raízes nervosas estão acometidas.
Hérnia de Disco
Não costuma haver posição de melhora e a dor só tende a apresentar melhora quando tratada com analgésicos fortes. É importante a realização de seu diagnóstico diferencial com ciatalgia devido ao fato da hérnia discal ter indicação de descompressão cirúrgica, ainda que exista e caiba um tratamento clínico num período até 6 semanas. A reabilitação – motora e analgésica – também é imprescindível e a atividade física deve ser modulada pelo médico e pelo fisioterapeuta, mas deve ter espaço no tratamento.
Perguntas rápidas:
Não se preocupe. Qualquer um destes diagnósticos não significa que você vai ficar afastado dos treinos, mas eles terão que se adequar um pouco para as fases do pós crise imediato, terapia e mais tarde para prevenção. Quem tem um problema na coluna, tem um problema e pronto, que demorará tanto tempo para ser curado quanto demorou para se estabelecer, o que pode significar ANOS. Mas isso não quer dizer que você vai continuar tendo SINTOMAS. Os sintomas devem ser tratados rapidamente mas a terapia através de RPG, pilates e exercícios específicos devem continuar, ainda que forem se espaçando
Nos casos em que existe a necessidade de cirurgia, o paciente pode ficar fora de circulação durante o período pós-cirurgico, até porque os níveis de dor são intensos e só é seguro treinar, dependendo da técnica cirúrgica utilizada, entre 3 e 6 meses de pós-operatório, mas nunca adote a palavra nunca…
O cinturão que comprime o abdômen faz um aumento da pressão intraabdominal, que diminui a pressão interdiscal, aliviando os sintomas de compressão, mas lembre-se: esse deveria ser um papel realizado pelos músculos abdominais e não por um cinturão. Se você está escravo do cinturão, falta trabalho com o barrigão.
Bom, o que tínhamos para falar nessa oportunidade era mais ou menos isso. A conclusão é a de que não só há espaço para atividade física no tratamento dos processos patológicos da coluna vertebral como esta é mandatória no período pós crise para se diminuir as chances de recidivas destes problemas. Só um alerta: faça tudo bem orientado, sob a responsabilidade e supervisão de um profissional, para o seu processo de melhora não se tornar o oposto…
Fonte: Dr. Paulo Cavalcante Muzy (http://www.facebook.com/PauloMuzy)

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